11/25/2008

Muçulmanos(Informação Gigante )




Muçulmanos Invadem a Península
Os Árabes, oriundos da Arábia situada entre o mar Vermelho e o Golfo Pérsico, seguem o islamismo como religião, acreditando serem predestinados a combater para espalhar a sua fé.
Com este objectivo, iniciam no Séc.VII, d.C. a sua expansão quer para Oriente, quer para Ocidente.
No início do Séc.VIII, o poder muçulmano crescia no Noroeste do Continente Africano.
As lutas internas e o estado de fraqueza e de decomposição que sempre caracterizou o Império Visigótico, desagregam a pouco e pouco o seu reino cristão, por divergências várias e lutas de sucessão dinástica.
Estas querelas internas foram aproveitadas pelos Muçulmanos - nome que abrange, além dos árabes, os povos submetidos (iemenitas, hadramitas, egípcios, berberes, maharitas, muladis... , e muitos outros) por estes que seguem o islamismo - . Os Árabes começaram então a cobiçar a Península, e numa dessas crises ocorridas em 710, pela primeira vez Tarif, num desembarque nesse mesmo ano, toma a zona onde hoje se situa a localidade de Tarifa (designação em função do nome do comandante muçulmano) na região da Andaluzia.
Em 711, os Árabes(que incluem sírios, egípcios, persas e berberes) a partir do norte de África, comandados por um chefe de Tânger de nome Tarique, atravessam o estreito de Gibraltar, penetram profundamente na Península ocupando-a quase totalmente.

Os Visigodos comandados por Rodrigo, seu último rei, são derrotados em 711 na batalha de Guadalete, e provavelmente o seu rei morto, caindo ràpidamente toda a península sob a invasão muçulmana, - ficando esta data a assinalar o desmoronar da organização central dos Visigodos - refugiando-se os restos dos seus exércitos no norte da Península - nas montanhas das Astúrias em 713 - (norte de Espanha).
Nova invasão se verifica em 712 comandados por Muça Noçair à frente de um exército de guerreiros maioritariamente árabes tomando Sevilha, Mérida e Viseu.Há opiniões contraditórias sobre o ano da tomada de Ossónoba (hoje Faro), mas considera-se como crível que terá sido ainda em 712 por seu filho - Abdalaziz - que na mesma data também conquistava Pax Julia (hoje Beja).Foi uma presença árabe marcada por forte instabilidade, motivada pela grande diversidade tribal, geradora de graves conflitos; é neste quadro, que em 716 Abdalaziz - primeiro governador muçulmano de Al-Andaluz - foi assassinado.
A conquista da Península de Tróia e Vale do Sado pelos exércitos islâmicos terá ocorrido entre os anos 712 e 715. Os defensores cristãos, em minoria, não terão dificultado a ocupação das cidades - a Salatia Romana (Alcácer do Sal) e a Mirobriga Celtici (Santiago de Cacém).
Com o decrescimento da importância da Mirobriga Celtici, os Muçulmanos abandonaram este local desconhecendo-se a data do abandono, e fundaram durante o Séc.VIII, numa colina a ocidente, uma nova fortificação: um novo castelo a que deram o nome de Kassem.
A partir das Astúrias os cristãos visigodos reorganizam-se, e sob o comando de Pelágio vão reconquistando o território ocupado pelos Muçulmanos. Derrotados os árabes na batalha de Covadonga ou Cangas de Ónis - Astúrias - é aclamado rei, formando-se assim o 1º.reino cristão das Astúrias mais tarde reino de Oviedo - e um século mais tarde chamado reino de Leão.
A esta avançada se chama a reconquista cristã.
Nela participavam reis e senhores e as populações interessadas em reaver as suas terras.
No tempo de Afonso III (886-910) - o Grande - rei de Oviedo, o reino das Astúrias alargou-se até ao Mondego e repovoou Portucale, Coimbra, Viseu, Lamego e Leão que viria a ser a capital do reino em 914.
Abu-Amir - Almansor - chefe muçulmano da Península durante mais de duas décadas - invadiu o Reino de Leão em 977. Dirigiu uma série de campanhas destruidoras (981-1002) fazendo recuar a fronteira até ao rio Douro. Com tal sucesso, passou a partir daí, a usar o cognome de Almansor, que significa "o Vitorioso" e exigiu ser tratado como um monarca.
Com o decorrer dos tempos vão-se formando na Península outros reinos cristãos: Castela, Navarra, Aragão e Catalunha.
Com a dominação muçulmana, (do Séc.VIII ao XI) os visigodos que aceitaram o seu domínio pagavam tributos aos Mouros para conservarem as suas crenças religiosas, os seus usos, os seus costumes e os seus bens. Pouco a pouco foram assimilando os usos e costumes árabes tornando-se Moçarabes - Visigodos arabizados - Denominação pela qual são conhecidas as populações Romano-Góticas.
O avanço cristão encontrou séria resistência por parte dos Muçulmanos durante vários séculos, fazendo-os recuar progressivamente para sul do Tejo, sendo essa tarefa continuada só a partir do Séc.XII na faixa ocidental da Península (hoje Portugal).
Califado Omíada
Os primeiros anos de dominação árabe na Península coube aos Califas do Oriente formando-se mais tarde o califado Omíada (756-1031) - Período dos reis dissidentes - desmembramento do império do islão devido às lutas sanguinárias, que no Oriente, começaram a travar-se entre as famílias rivais das duas poderosas seitas muçulmanas: Omíadas e Abassíadas.
Estas lutas determinaram a fuga para a Ibéria do Omíada Abderramão III que logo foi reconhecido por soberano pelo mundo árabe peninsular.Consolidada a conquista da Península e o domínio das cidades, é fundada a dinastia Omíada, que a partir de Córdova elevará a civilização do Al-Andaluz - nome dado à parte da península ibérica dominada pelos muçulmanos - a um elevado prestígio.
A administração civil e militar era organizada em divisões geográficas.O Califado de Córdova foi dividido em províncias - denominadas Kuwar e concelhos - denominados Kurar, na continuação da divisão administrativa romana.
O Al-Garb Al-Andaluz - lado ocidental da Península (hoje Portugal) - ficou sujeito aos Kuwar de Badajoz, Silves e Mértola.
Al-Kasar Abu-Danis - O castelo de Alcácer do Sal - era um kurar dependente do Kuwar de Badajoz, o qual Abderramão III (Séc.X) confiou à família que terá tido o nome Abu-Danis.No Al-Garb Al Andaluz, o reino de Badajoz dominava as terras entre o rio Douro e o Vale do Sado. Al-Kasar (Alcácer do Sal) era o principal castelo e o centro urbano deste reino, na costa atlântica a sul do Tejo.
Por esse facto o castelo de Kassen (Santiago de Cacém) lhe estaria sujeito durante este período.
Reinos Taifas (primeiro período)
As rivalidades étnicas entre árabes, berberes e escravos conduziram o Califado Omíada a uma prolongada guerra civil, degladiando-se fortemente, e ao seu colapso em 1031, que acabariam mais tarde por ser incorporados pelos almorávidas.Na sequência destes conflitos, os chefes dos kuwar - Badajoz , Silves e Mértola - cortaram as dependências com Córdova formando pequenos Reinos Taifas - Primeiro Período de 1031 a 1095 (Séc.XI) cerca de vinte e sete pequenos reinos independentes em todo o Al-Andaluz.
Entrementes outras guerras e rivalidades entre o reino de Badajoz e os reinos vizinhos de Silves, Mértola e Sevilha permitiram que os reinos cristãos se alarguem para sul.
Afonso VI de Leão e Castela (avô materno de D.Afonso Henriques primeiro rei de Portugal) - auxiliado por muitos cruzados nobres na reconquista cristã, como D.Henrique e seu primo D.Raimundo nobres da Borgonha que por aqui passavam em demanda da Palestina onde iam combater os Turcos que haviam profanado o Santo Sepulcro, - alcança o rio Tejo conquistou em 1085 Toledo e aproximou-se de Badajoz e Sevilha.Durante o Séc.X desenvolve-se o método de alianças e protectorados com os príncipes muçulmanos.
Emirado Almorávida
Perante a ofensiva dos cristãos, os reis Taifas pediram auxílio ao Emir Almorávida (1061-1104) de Marraquexe que conseguiu conter a ofensiva cristã. Aproveitando-se do prestígio alcançado, anexou os reinos Taifas e criou nos fins do Séc.XI um império - o Emirado Almorávida - (1095-1144) que abrangia todos os territórios islâmicos da Península Ibérica e Marrocos.
Esta nova realidade política trouxe também o renascer da exaltação da fé islâmica e a intolerância religiosa.Os moçarabes são perseguidos e fogem para o norte cristão.
O Emirado Almorávida entra em lento declínio, terminando com a conquista de Granada pelos reis católicos. Em Marrocos surge no Séc.XII um movimento de oposição religiosa, os Almoadas que, em 1147, tomam a cidade de Marraquexe e asseguram o controle de todo o território marroquino.
Reinos Taifas (segundo período)
No Al-Garb Al-Andaluz, os governadores de Mértola, Beja e Silves aproveitaram o declínio do Emirado Almorávida e tornaram-se "independentes" em 1144, iniciando no Séc.XII um novo período de Reinos Taifas (1144-1147).
O reino de Beja dominava, para além do castelo de Cassem, (a chamar-se mais tarde Santiago de Cacém) todos os outros a sul do Tejo e os de Lisboa e Santarém a norte.
Depressa surgem rivalidades e guerras entre os reinos de Taifas de que tiraram partido o reino de Portugal (ao norte) e o califado Almoada (ao sul).
Califado Almoada
De 1190 a 1217.Em 1190, o califa almóada lançou uma grande ofensiva que conduziu à reconquista de todos os castelos, ao rei de Portugal D.Sancho I, a sul do Tejo no litoral atlântico.
A partir de 1217 todos os castelos ao sul do Tejo seriam pertença da coroa portuguesa para todo o sempre, depois de reconquistadas as últimas praças (Al-Kasar e Kassen), e só em 1249 todo o Al-Garb Al-Andaluz seria definitivamente aniquilado com a conquista do Algarve em 1249 por D.Afonso III .

Por cerca de 500 anos foi a presença islâmica nas terras do litoral atlântico ao sul do Tejo.

Mapa demonstrativo das sucessivas fases da conquista do território aos mouros.

Acção civilizadora
Os árabes exerceram uma notável acção civilizadora na Península. Com a influência dos Muçulmanos no ocidente da Península dá-se uma melhoria cultural. A contribuição foi notável com a introdução de novas técnicas e novas culturas: divulgam-se sistemas de irrigação - azenhas e noras, introduzem-se plantas - limoeiro, laranjeira, alfarrobeira, amendoeira e provavelmente o arroz.No domínio da ciência são valiosos os conhecimentos transmitidos: matemática, astronomia, e naútica para além de enriquecerem a língua peninsular com novos vocábulos.
A longa permanência dos Muçulmanos na Península (por mais de quinhentos anos), e, apesar de todos os vestígios deixados na Península e a tolerância que eles usavam para com os vencidos, nunca se fundiram com as populações autóctones, facilitaram a assimilação da sua cultura e dos seus costumes, mas foram sempre considerados como invasores.